TEXTO 4
JÁ
PASSOU O CARNAVAL
ONTEM
MASCAREI-ME DE HAVAIANA.
EU
SEI QUE JÁ NÃO TENHO IDADE PARA MÁSCARAS, MAS ANDO TODOS OS DIAS MASCARADA DUMA
FELICIDADE QUE JÁ VIVI.
MAS
FOI CARNAVAL E, RESOLVI VESTIR-ME COM O ESPÍRITO DA ALEGRIA , DO CALOR, DA
ESPERANÇA E DA COR DO MAR, PARA ESQUECER
ESTE PAÍS QUE ME PÕE TRISTE.
A TRISTEZA E PREOCUPAÇÃO PAIRA NO AR, JÁ NÃO SE PROJETAM FÉRIAS, PEQUENOS PROGRAMAS E A INSTABILIDADE NÃO NOS PERMITE SONHAR. VÊM-SE
MENOS SORRISOS, NOS JOVENS E NOS MENOS JOVENS, OS EMPREENDIMENTOS ESTÃO
PARADOS, AS LOJAS VÃO FECHANDO E AS QUE ABREM, FECHAM DOIS MESES DEPOIS DE
ABRIREM. HÁ CADA VEZ MAIS CASOS DE DEPRESSÃO E OUTRAS DOENÇAS DO FORO MENTAL,
TRABALHO NÃO EXISTE, MESMO PARA AQUELES QUE ACREDITARAM QUE VALIA A PENA
ESTUDAR ANOS A FIO, PARA FAZEREM UMA LICENCIATURA, UM MESTRADO E ATÉ UM DOUTORAMENTO, PORQUE TERIAM SEMPRE UM LUGAR
NO MERCADO DE TRABALHO E UM PAÍS ONDE BRILHAR.
NÃO
FOSSE O CARNAVAL E UMA MÁSCARA DE FAZ DE CONTA, NÃO SEI COMO SE ENCARARIA ESTE
ROUBO AOS PENSIONISTAS, AOS TRABALHADORES E A TODOS OS QUE DERAM ALMA A ESTE PAÍS
E QUE, NUNCA PENSARAM SER TRAÍDOS, NEM ROUBADOS.
ATÉ
QUANDO AGUENTAREMOS ESTE PAÍS CINZENTO, COM TEMPESTADES À ESPREITA E SEM UMA
RÉSTEA DE SOL?
Té
14/02/2013
(não copiar, texto de
pintar e descobrir de Té)
TEXTO 3
DA TUA DESPEDIDA INVENTEI
AS ONDAS LARGAS DO TEU CABELO
NADEI NESSE MAR QUE É O TEU CHEIRO
QUE PROFUNDO FICOU NO MEU CAMINHO
HOJE NÃO ESTAVAS LÁ, NEM ONTEM, NEM NUNCA MAIS
MAS AINDA TE LEMBRO COM CARINHO
RESIGNADA DA TUA AUSÊNCIA
ATAQUEI A VIDA
MAS O PRESENTE ABSORVEU-ME
E AS ONDAS JÁ NÃO SÃO TÃO LARGAS
E O MAR JÁ NÃO É TÃO LIMPIDO
E O CHEIRO JÁ NÃO É O TEU
TU NÃO PODIAS VOLTAR
EU NÃO PODIA PARTIR
Té (16/01/2013)
(não copiar, texto de pintar e descobrir de Té)
texto 2
A minha visão da
crise
Hoje
fui ao médico. Não é sitio onde goste de ir, fujo a sete pés e mais alguns que imagino, para não ter de me lembrar que o
meu esqueleto, anda a fazer caretas.
Parece
que posso ter umas mazelas não esperadas que me vão complicar a vida. Os exames
vão ditar, se é razoável a minha
preocupação.
Como
é que vou pintar, tocar piano e escrever, quando a minha mão direita se zanga
comigo, por causa da crise?
Mas vislumbro
uma boa solução, vou aumentar-lhe o ordenado, baixar-lhe o IRS, isentá-la do
IMI, oferecer--lhe uma nova casa e, ainda lhe pago as férias, num resort
de luxo, num paraíso fiscal.
Tenho
apenas uma condição. Eu vou com ela, para não ficar com remorsos de a ver
partir sozinha, sem ninguém que lhe ponha o bronzeador e, me apareça aqui estorricadinha,
como agora me sinto neste meu país.
Esta
mão direita é que sabe!
Té
(10/01/2013)
(não copiar, texto de pintar e descobrir de Té)
texto 1
Todos os dias pergunto o que fazemos aqui?
Todos
os dias respondo que é bom estarmos cá, aqui .
Estarmos cá vivos,
e neste mundo, é sempre melhor do
que não saber onde vamos estar.
Não
posso falar por todos, mas, posso falar por mim.
Num
tempo difícil e sem grande futuro à vista, com perdas de caráter e de visão,
não da visão como um sentido, mas a visão como uma previsão do que há-de vir,
mesmo assim, ainda acho que é bom andar por cá.
Não
sei se vos acontece, mas mesmo com tempo, nunca temos tempo, para fazer o que gostamos,
no tempo certo.
Por
isso, preciso de continuar aqui. Para ter ainda tempo de ser eu.
E
é reconfortante, este pensamento de esperança para o ano de 2013, com que termino, por hoje, as minhas
divagações.
Em mágoas, alegrias e
anseios a vida vai correndo
O tempo que vivi,
feliz, foi sempre aqui
Tenho um avião à
minha espera para me levar à glória
Outro para me trazer
vitória
E um mar imenso que
renasce em mim
A saúde para me
manter inteira
Escrevo o que não sei
calar
Amo o que sei amar
E agradeço por estar
aqui
Té (06/01/2013)
(não copiar, texto de pintar e descobrir de Té)